domingo, 1 de maio de 2011

"O Grande Mistério"



"A vida não é necessariamente alegre e a morte não é necessariamente miserável".  (Hsing Yun)



O mundo terreno onde tecemos uma vida extraordinária ou ilusória (samsara) é considerado, conforme a tradição sócio-cultural de cada povo como sendo um lugar provisório, que por sua vez, nos capacita para acessarmos um outro plano, um lugar de características indescritíveis em sua grandeza e poder, que atingimos quando praticamos os parâmetros das Leis Divinas. 


O acesso a este  plano divino se manifestaria, através de realidades supra-humanas, diretamente ligadas a consciência humana individual, a possibilidade de reencarnação da alma e ao desenvolvimento espiritual dos seres conforme suas mônadas primordiais. 


Podemos descrever este lugar divino conforme a perspectiva Budista, onde a Mente Iluminada busca habitar, de maneira plena, o "Nirvana", onde estamos livres dos estados físicos de ilusão e sofrimento, porém não sentimos prazeres sensoriais eternos como preconiza algumas idéias folclóricas disseminadas na década de 60/70.


 O Nirvana é um estado da Mente Iluminada, que não necessita mais: nascer neste mundo físico, envelhecer, adoecer e morrer e renascer infinitas vezes presos a Roda do Carma.
    Os sutras revelam que a morte que nos leva ao Nirvana é aquela que rompe as condições cármicas:
    "No Budismo, isto é com freqüência descrito como "vivendo e morrendo como se quer". Há muitos grandes mestres e sábios budistas que podem nascer e morrer como querem. Eles não são controlados pelo nascimento e morte, pois estão em completa consonância com o existir simultâneo e o rompimento das causas e das condições."
    A partir do artigo do budista  Hsing Yun, consideramos que as três circunstâncias de morte que nos liga ao carma são imprevisíveis e incontroláveis e são conforme os Sutras: 
    1. A morte a partir da exaustão do tempo de sua vida
    Isto é o que dizemos "morrer de velhice". (...) 
    "O que esse ditado quer dizer é que nossa vida tem um limite e ninguém escapa dessa realidade."

        2. A morte a partir da exaustão de seus méritos
        (...) "A vida é como uma bolha de ar na superfície da água; quando o ar dentro da bolha se dissipa, a bolha não mais existe. Depois que um homem rico tiver esbanjado sua fortuna, ele se torna pobre. Similarmente, quando nós tivermos exaurido nossos méritos, a morte brevemente virá bater à nossa porta."

        3. A morte causada por acidentes
        (...) Essas mortes são repentinas ou inesperadas. Há um provérbio chinês que é uma boa descrição desse tipo de morte súbita: "Enquanto alguém continua a respirar, as possibilidades são abundantes. Quando a morte chega, tudo vai para um estar parado". 

      Contudo, ao praticarmos o dharma, diligentemente, poderemos ficar livres do carma, esta força que nos liga à morte. A lei do dharma nos possibilita alcançar a iluminação e entrar no estado de nirvana.






      "Reino dos Céus"






      Na Tradição Cristã, composta por católicos de ortodoxia romana, protestantes divididos em luteranos, anglicanos, presbiterianos, batistas, além dos evangélicos oriúndos das igrejas pentecostais, temos o lugar para onde se vai quando morremos denominado o "Reino dos Céus", a morada do Pai Celestial que é preconizada na oração mais importante da Bíblia, na liturgia de São Mateus (Mt 6, 9-13):


      "Pai Nosso que estais nos céus,
      santificado seja o vosso Nome,
      venha a nós o vosso Reino,
      seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu. 
      O pão nosso de cada dia nos dai hoje,
      perdoai-nos as nossas ofensas
      assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, 
      e não nos deixeis cair em tentação,
      mas livrai-nos do Mal."







      Morada dos Espíritos






      Também, na Doutrina Espírita, que não é cristã, porém segue o Evangelho de Jesus Cristo, se crê no Plano Espiritual, a morada dos espíritos, onde a alma fica em aprendizado constante esperando a possibilidade de nascer novamente para continuar a sua jornada de ascensão e libertação do ciclo reencarnacionista.



      Vamos nos conectar com o Pai Nosso Espírita que traduz esta filosofia muito bem:


      “Pai Nosso que estais nos céus, na terra, em todos os mundos espirituais, santificado e bendito seja sempre o vosso nome, mesmo quando a dor e a desilusão ferirem nosso coração, bendito sejas.


      O pão nosso de cada dia, dai-nos hoje Pai, dai-nos o pão que revigora as forças físicas, mas dai-nos também o pão para o espírito.

      Perdoai as nossas dívidas, mas ensinai-nos antes a merecer o vosso perdão, perdoando aqueles que tripudiam sobre nossas dores, espezinham nossos corações e destroem nossas ilusões. Que possamos perdoá-los não com os lábios e sim com o coração.

      Afastai do nosso caminho todo sentimento contrário a caridade.

      Que este Pai Nosso seja dadivoso para todos aqueles que sofrem. Como espíritas encarnados ou desencarnados.

      Que uma partícula deste Pai Nosso vá até os cárceres, onde alguns sofrem merecidamente, mas outros, pelo erro judiciário.

      Que vá até os hospícios iluminando os cérebros conturbados que ali se encontrão. Que vá aos hospitais, onde muitos choram e sofrem sem o consolo da palavra amiga.

      Que vá a todos aqueles que nesse momento transpõe o pórtico da vida terrena para a espiritual para tenham um guia e o vosso perdão.

      Que esse Pai Nosso vá até os lupanares e erga estas pobres infelizes criaturas que para ali foram tangidas pela fome, dando-lhes apoio e fé.

      Que vá até o seio da terra onde o mineiro está exposto a grande perigo, e que ele findo o dia possa voltar ao seio de sua família.

      Que este Pai Nosso vá até os dirigentes das nações para que evitem a guerra e cultivem a Paz.

      Tende piedade das órfãs e viúvas. Daqueles que até esta hora não tiveram um pedaço de pão. Tende compaixão dos navegadores dos ares, dos que lutam com os vendavais no meio do mar bravio. Tende piedade da mulher que abre olhos do ser à vida.

      Que a Paz e a Harmonia do Bem fiquem entre nós e estejam com todos."

      Amém. Autor desconhecido









      O Grande Mistério




      No Xamãnismo temos os ensinamentos da Tradição Nativa dos índios da América do Norte, que denomina este lugar sagrado, para onde vão os espíritos quando deixam cair as vestes, como:  "O Grande Mistério".

      A Chefe Indígena de Tradição Sêneca, Avó Twylah Nitsch, diz que "O Grande Mistério" é:


      "... uma força que está em toda parte. Não tem uma forma particular ou manifestação, sem critérios ou regras que limitam ou definem. Ela está presente em toda a criação e está além da matéria. É a energia espiritual, a inteligência espiritual, a fonte original e criador de todas as formas de vida, de toda a existência. É a essência de todas as coisas."







      Certamente, este lugar ou plano tem muitos nomes, além de Nirvana, Reino dos Céus, Morada dos Espíritos ou Grande Mistério, mas na minha opinião um só sentido.

      O sentido da nossa não- permanência neste mundo!

      E, quando iniciamos o processo de desapego e realmente entendemos a impermanência, começamos verdadeiramente a nos aproximar do dharma, da felicidade e da vontade de compaixão.

      Então, vamos pensar e sentir a compaixão como a verdadeira religião universal que une a todos, crentes e não-crentes.

      E, no que tange, a vontade de compaixão quero citar Sua Santidade Dalai Lama, que nos ensina o seguinte:




      "Acredito que não há problemas em permanecer não-crente, mas enquanto você fizer parte da humanidade, enquanto você for um ser humano, você precisa de afeição humana, compaixão humana. Este é realmente o ensinamento essencial de todas as tradições religiosas: o ponto crucial é a compaixão ou afeição humana. Sem afeição humana, mesmo crenças religiosas podem tornar-se destrutivas. Assim, a essência, mesmo na religião, é um bom coração. Considero que a afeição humana, ou compaixão, é a religião universal. Crente ou não-crente, todos necessitam de afeição humana e compaixão, porque compaixão nos dá força interior, esperança e paz mental. Assim, ela é indispensável para todos."









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