sábado, 13 de agosto de 2016

Vajra e o Estado Meditativo

Vajra ou dorje


Em post recente escrevi sobre um instrumento de meditação muito antigo e muito utilizado para focalizar o estado meditativo. Ver em http://luzamorosarenascimento.blogspot.com.br/2016/08/vajra-o-instrumento-da-iluminacao.html

Ao longo da história humana podemos ver o Vajra em representações artísticas dos Budas e Lamas. Também, vemos nos  altares de oração este instrumento, geralmente junto a outros acessórios até mais famosos como é o caso do Mala (rosário de 108 contas). 

O Vajra ou dorje é utilizado nos cantos e entoações de mantras, por exemplo, o condutor do ritual meditativo à medida que vai avançando na ação, o instrumento, seguro pela mão direita, vai sendo virado de um lado para o outro como uma roda que gira, que movimenta-se nos transportando de maneira mais veloz para o caminho da Iluminação.


Qual o sentido do Vajra na Meditação ou entoação de Mantras?



Vajra é uma palavra sânscrita que significa tanto "relâmpago" como "diamante". Em tibetano a palavra para vajra é dorje (indestrutível), com as propriedades do diamante, capaz de cortar qualquer coisa (incluindo a ignorância e as ilusões). Vajra, por sua vez, significa  literalmente o relâmpago do esclarecimento, o insight (compreensão), a mudança abrupta na consciência que é reconhecida por todas as religiões como um episódio de despertar espiritual na vida de místicxs e santxs. 




Diamante em forma de gota = corpo búdico



O Vajra essencialmente simboliza o estado impenetrável, imóvel, imutável, indivisível e indestrutível de iluminação. Então, o sentido à princípio é simbólico e representativo de uma qualidade consciencial a ser alcançada.





Ampliando o sentido do Vajra ou Dorje

O vajra é dividido em três partes visíveis que é uma esfera central representando o estado "Sunyata", a natureza primordial do universo, a unidade (célula) subjacente de todas as coisas. Logo, emergindo da esfera tem duas partes que simbolizam flores de lótus com oito pétalas. Uma flor representa o mundo fenomenal, o Samsara, a outra representa o Nirvana. 

“Nirvana quer dizer “sem fogo”. “Fogo extinto” ou, “sem vento das paixões”. Nirvana é a mesma coisa que Samsara. Samsara é Nirvana. (...) O que mudou é a maneira de ver. Você muda a si mesmo e aí, este lugar torna-se Nirvana.”
~ Monge Genshô, em “Sutra do Coração da Sabedoria”

De certa forma, podemos ampliar este entendimento do Vajra pensando outras possibilidades, por exemplo que a parte central representa o Presente, o eterno Agora. Já a parte do 'Samsara' é o 'Passado' e a outra é o 'Nirvana', a dimensão que representa o 'Futuro'. Uma dimensão interfere na outra. 

Pense, então que ao segurar um "vajra" segura-se algo que representa um poder incomensurável e definitivamente uma chave para o estado meditativo.

Afirmo a partir de minhas experiências que este instrumento potencializa a meditação e a compreensão deste universo místico muitas vezes intangível a nossa rasa percepção interdimensional.


Vajra: relâmpago, insight!


Então, este objeto ritual utilizado por budistas em cerimônias tem uma natureza potencializadora de nossa busca espiritual. Digo-lhes que não é nem necessário segurar o vajra nas mãos para receber sua influência na meditação.

 Certa vez, apenas de olhar por longos minutos com olhos curiosos para o instrumento em um altar, tive uma grande experiência e um maravilhoso insight sobre a natureza do Tempo (passado, presente,futuro) e sua dinâmica. Um relato que futuramente talvez escreva, mas que é tão rico e complexo em seus detalhes que escapa-me as palavras, apenas indico medite com o Vajra ou dorje. Om Tare!